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quinta-feira, agosto 31, 2006


Descoberta


Não sei ao certo se eu seria a melhor pessoa para estar aqui, mas, na dúvida, resolvi aceitar respeitosamente a hospitalidade oferecida e, finalmente, pronunciar-me sobre o que tem sido, para mim, conhecer Jorge Palma.

Muito se fala sobre as afinidades naturais entre Brasil e Portugal, Portugal e Brasil, por conta dos laços históricos, atávicos, afetivos... Cresci com isso, a respeitar imenso o universo cultural português e as informações que pensava ter acesso por aqui.

Creio estar num momento em que se acendem todos os alertas de dúvida dentro de mim: aos 50 anos de idade, não tinha - até bem recentemente - informação alguma sobre a existência de Jorge Palma, esse artista além de toda e qualquer palavra, além de toda expectativa, além mesmo da própria alma.

Seria este um defeito meu, a navegar na ignorância musical, ou uma falha na troca de informação entre os países? Ora, por aqui é sabido que os nossos artistas aportam em Portugal sempre com grande sucesso e carinho do público. Por que razão, então, somos nós privados da felicidade de compartilhar a emoção profunda de ouvir e sentir uma obra da envergadura da de Jorge Palma?

Sinto-me um tanto "roubada" em minha adolescência. Cresci e formei-me, cultural e politicamente, com a providencial pontuação das músicas de Chico Buarque de Hollanda, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Ivan Lins. A cada momento da vida, algo nas canções desses companheiros de jornada (pelo menos foi assim que sempre os senti, próximos de mim) ajudava a construir minha sensibilidade, acalmar meus anseios, fortalecer minhas posições.

Hoje, ao mergulhar em Jorge Palma, sinto que gostaria de tê-lo tido sempre junto de mim, como os outros, em cada novo momento e sentimento datado. Essa "viagem de regresso à obra" que tenho feito nos últimos dois meses, num certo sentido, me mostra isso; revela-me as inocências e as dúvidas, crenças e rumos de sua história pessoal, indissociável da música.

Por que tanta distância? Dentro de mim, a urgência em recuperá-la é grande. E é preciso dizer que devo muito à generosidade de vocês, palmaníacos "de carteirinha", como dizemos aqui no Brasil, pelas possibilidades que me têm aberto com tantos sites e informações importantes.

Tudo na obra de Jorge Palma me é estranhamente irresistível, compulsivo. Não bastasse a sonoridade totalmente nova, melódica, profunda, há a poesia - item há muito tempo indispensável à minha sobrevivência, devo confessar. E também a vastidão criativa do músico em si, em arranjos cuja beleza flerta com o improvável às portas da loucura. Não me seria possível traduzi-lo, neófita que sou, ainda que devotada ao mergulho e à viagem. Tudo o que faço é sentir, palmilhar as canções, envolver-me em muitas delas como se fossem cobertores a abrigar-me a alma. E reconheço-as todas, quase que por osmose, na pele do coração. Talvez aí se explique a necessidade absoluta que tenho delas; tudo se me entranha no tecido do espírito como se fizesse parte de mim desde sempre...

A essa altura vocês, já decanos, devem estar a achar graça. Afinal, se já não viram tudo... Mas o que me acontece é algo próximo da revelação, de uma espécie de "nirvana cósmico" plasmado na pauta musical. E vezes sem conta me pego a pensar, distraída no meio das canções, que ele, Jorge, deve ser um louco. Sim, mas daqueles loucos que têm pacto com a divindade. Como pode transitar, impunemente, entre o colorido clássico e os mais vários ritmos, idéias e sonoridades mais que ultramodernas? Ao mesmo tempo, desperta-me a lembrança de uma inocência poética hoje rara, num mundo tão desfeito de valores. O encontro com o seu jeito imemorial de trovador solitário, doce idealista, um tipo romântico chegado à aventura de viver, às vezes um pouco maldito e encantador a um tempo, remete-me às boas lembranças de uma época em que os verdadeiros artistas erguiam bandeiras e seguiam na frente, levando-nos todos a cruzar as pontes rumo às verdades em que acreditávamos, e que nos davam razões para seguir.

Saber que Jorge Palma existe com essa integridade básica, que só vem a acrescentar à maravilha que é a sua obra, faz-me crer que a humanidade dentro da gente ainda é possível.

E não descansarei enquanto os brasileiros, de modo geral, não tiverem uma chance justa de participar dessa viagem.

Obrigada, Jorge, só por existir.

E obrigada, palmaníacos de plantão.


publicado por: Maurette Brandt

e-mail: maurette@terra.com.br



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segunda-feira, agosto 28, 2006


Elvas, 26 Agosto 2006






































































Não foi o melhor concerto que vi, mas foi um bom concerto, um palma muito bem disposto, uma banda, como sempre irrepreensível (com o Miguel Ferreira), sem o Vicente a atrapalhar. Um pouco mais de duas horas de concerto, quase sem o Palma se enganar. Não diria que o homem estava sóbrio mas estava num estado bastante competente... valeram os 400 km, valeu a pena sair a correr do trabalho e ir para Elvas, valeu a pena ter dormido só três horas para trabalhar de novo domingo. O Palma vale sempre a pena. Gostei muito


Victor

victorjose37@hotmail.com



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